Poezii
Lucian Blaga
Heraclito ao pé do lago

Perto das águas verdes se juntam as veredas.
Ha silêncios por aí, pesados e abandonados pelo homem.
Cala-te, cão, que estás provando o vento com as narinas, cala-te.
Não despeças as recordações que vêm
chorando enterrar o rosto nas suas cinzas.

Apoiado nas cavacas estou adivinhando o meu destino
na palma duma folha outonal.
Tempo, quando pretendes tomar o caminho mais curto,
por onde vais?

Os meus passos ressoam na sombra
como se fossem frutos apodrecidos,
caidos duma árvore invisível.
Oh, tão rouca se tornou por causa de velhice a voz do manancial!

Todo o erguer da mão
é só uma dúvida de mais.
As dores reclamam irem
para o segredo fundo do torrão.

Espinhas estou atirando da beira ao lago,
com elas, em círculos, me estou desfazendo.

(tradus de Micaela Ghitescu, editia "Mirabila samanta", ed. Minerva, Bucuresti, 1981)

Para trás a Blaga